“Compartilhamos da preocupação europeia sobre a escassez de biodiversidade no mundo e respeitamos que o consumidor europeu não queira mais correr o risco de estar estimulando o desmatamento. Mas o desafio é atingir esse objetivo respeitando a legislação brasileira, valorizando sua biodiversidade e pagando pelos seus serviços ambientais. Desmatamento ilegal é uma questão de governo, que tem obrigação de implementar o Código Florestal e fiscalizar desmatamentos e queimadas ilegais. Já o desmatamento legal deve ser reduzido comercialmente, através de PSA (pagamento por serviços ambientais). Diferente do resto do mundo, podemos nos tornar um país rico e desenvolvido com biodiversidade”, defende Caio Penido.Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, o trabalho diplomático passa pela apresentação do estado como a maior potência agroambiental do Brasil, que produz carne, soja, milho, etanol, alimenta 10% do mundo e ainda conserva boa parte de sua biodiversidade.
“Nas reuniões apresentamos as políticas públicas em prol do pequeno produtor do nosso estado e todas as medidas implementadas que estão garantindo a redução no desmatamento ilegal e o aumento da abertura de áreas de produção regularizadas. Foi importante a ida da Sedec juntamente com a Imac para fortalecer esse relacionamento com a União Europeia. Ainda temos muito a fazer para sensibilizar esses países que compram nossa carne a reverem as estratégias e políticas comerciais. Esse diálogo ainda está sendo construído e isso é muito positivo”, enfatizou César Miranda.O advogado e consultor contratado pelo Imac na Europa, Bruno Galvão, do escritório alemão Blomstein destaca que as reuniões são um verdadeiro avanço nas tratativas que deverão surgir.
“Abrimos uma avenida de comunicação, para mostrar outra realidade, diferente do que eles veem e imaginam sobre o país. Vamos convidar a comunidade europeia para conhecer Mato Grosso, os biomas e como o setor produtivo está inserido neste contexto”.Entre as reuniões realizadas, o encontro com a deputada do Parlamento Europeu, a espanhola Mazzali Aguiar, que é membro da comissão de agricultura e está engajada na discussão sobre o novo regulamento, foi dos mais interessantes.
“O boicote e a exclusão não resolvem o problema, o desmatamento muitas vezes está ligado à falta de assistência técnica e de recursos para investir em sistemas tecnificados. Tirar esses produtores do mercado vai limitar ainda mais a lucratividade e estimular abertura de novas áreas”.Para a diretora-executiva do Imac, Paula Queiróz, a expectativa, a partir desta missão, é muito boa.
“Esperamos que a Europa entenda e adote ações similares às que o Imac vem tomando, como apoio a regularização ambiental das propriedades em Mato Grosso e promoção de práticas sustentáveis que melhorem o balanço de carbono da cadeia através de sistemas intensivos de pecuária”.Classificação de Risco – Os critérios e fiscalização que serão adotados para restringir a comercialização de produtos vindos de área de desmatamento são outro tema sensível.
“Só tem desmatamento quem ainda tem floresta! A impressão que dá é que seremos penalizados por termos preservado nossa biodiversidade, nas Reservas Legais e APPs das propriedades rurais ou nas Unidades de Conservação, Parques e Terras Indígenas. Nossos concorrentes no mercado global, que desmataram quase todas as suas florestas, não podem ter uma classificação de risco melhor do que o Brasil, maior biodiversidade do planeta e detentor de um sofisticado Código Florestal!”, afirma Penido.Neste quesito, o desafio é justamente transformar o passivo em ativo, buscando formas de valorizar e monetizar os serviços ambientais.
Para Galvão, o caminho do ESG e dos fundos de investimentos pode ser uma oportunidade. “Há muitos fundos de investimento querendo se rotular verde. Temos que nos aproximar e mostrar que a proteção é um ativo a ser remunerado, com potencial de impactos positivos nas esferas sociais e ambientais e que precisam de investimentos”.O Imac concluiu sua missão estabelecendo boas relações diplomáticas e convidando representantes da União Europeia para virem conhecer de perto o Mato Grosso e seus sistemas produtivos, além de sugerir pequenas alterações ao texto da legislação que valorizem os atributos da cadeia da carne de Mato Grosso.
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